sexta-feira, 20 de junho de 2014

Desabafo de um taciturno

 Quero que me tirem de minha própria pele, na verdade, imploro que o façam. Mas para ser sincera não sei se estaria disposta a abrir mão de meu lugar, onde o mínimo de meu ser aprendi a entender. Quero tornar-me cega para algumas coisas, surda para outras. Muda também, apenas para ter motivos.
 Creio que tantos colos dei, que meus braços já não podem alcançar o que preciso, e sigo solitária com minha mente singular. Não que eu queira dizer que me diferencio do resto de maneira banal, mas digo isso fazendo referência à singularidade de cada mente, de cada ser que vive de enganos, cercados de corpos e solidão.
 Como já disse certa vez, todo ano é junho abaixo d'água. Se não for, na verdade, uma vida inteira...
 Não clamo por piedade, e nem por nada que terceiros deveriam vir a me dar, já descansei de certos pesares, entendo que minha alma é um ser que vaga abandonado, que toma a dança, em palcos lúgubres, ambíguos, soturnos e vazios, estrelando em um solo que ninguém mais assiste. Como quem toma nos braços a fadiga intensa, sabendo que cada movimento é em vão.
 Cansada de ver beleza em prosas desoladas, de olhar adiante e ver melancolia. Meu corpo e minha alma choram pelo verdadeiro plural. É algo que eternamente pede socorro e não o encontra. Desejando apenas ver verdade naqueles que bradam palavras de irmandade, aquela que deveria ser eterna e real. Tento acreditar nisso, mas não importam o que digam, os caminhos da vida, me mostraram em cada passo, a mentira que há por trás disso.
 Estamos eternamente sozinhos.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Todo o ano é junho abaixo d'água
coração comemora soluçando
levando junto o que for mágoa